quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Relatos de viagem...



Entre o assentar da viagem «relâmpago» a Londres e Jersey e o concerto no Cinema São Jorge, no próximo Sábado, gostaria de partilhar algumas memórias das noites na Royal Opera House e no Jersey Arts Centre! É sempre difícil descrever o que sentimos quando tocamos ou cantamos pois o Fado vive desse Mistério, de nos proporcionar estados de alma enriquecedores! É como se ganhássemos asas em cada fado que acontece!


Levámos connosco a imensa alegria de pisar aqueles palcos e ao mesmo tempo partilhar aqueles espaços com um público fantástico, que nos deu igualmente muita alma, e com quem tive oportunidade de conversar no final dos concertos, não só ingleses (alguns que inclusivamente já tinham estado no outro concerto em Londres, em 2005, no Festival Atlantic Waves, no Spitz) mas também vários conterrâneos que nos vieram dar o seu carinho, sendo o público português em maior número na Ilha de Jersey!


No Royal Opera House também tive oportunidade de conversar no palco, directamente para o público, mesmo antes da Segunda Parte, com Fiona Talkington, que apresenta o programa Late Junction, da BBC Radio 3. Conhecemo-nos no Forde Festival, na Noruega, depois do nosso concerto em Julho passado, e surgiu da sua parte o convite para conversar e dar a conhecer, a todos os que no público não conhecessem tão bem o género, um pouco sobre o Fado na sua história e na actualidade e a forma como deslumbra cada vez mais pessoas que, apesar de não compreenderem a Língua Portuguesa, entregam-se profundamente aos sentimentos universais e à sonoridade particular e intensa do Fado! E curiosamente encontrei mais uma pessoa no Royal Opera House, um senhor australiano, que aprendeu português pela sua paixão pelo Fado! Fantástico!


1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Joana, parabéns. Não sei se já tiveste oportunidade de ver, mas saiu esta noticia no DN de hoje.


http://dn.sapo.pt/2007/03/02/artes/publico_britanico_ficou_rendido_novo.html



Público britânico ficou rendido ao 'novo fado' de Joana Amendoeira



Hugo Bordeira
em Londres

Uma presença doce e agradável em palco, um sorriso genuíno e encantador, a voz do novo fado personificada em Joana Amendoeira. Foi assim que, durante duas horas, no Lindbury Studio Theatre, novo espaço da Royal Opera House, em Londres, a fadista se apresentou na passada sexta-feira ao exigente público britânico numa das mais prestigiadas casas de espectáculos da Europa. Pelo meio quebraram-se duas barreiras simbólicas, uma vez que foi a primeira vez que ali actuou uma artista portuguesa a solo e foi também a estreia do fado nas exclusivas salas da Royal Opera House.

O concerto arrancou com Fado Cor do Sentimento e depois ouviram-se várias canções do último álbum: À Flor da Pele. Amália não foi esquecida no repertório do espectáculo onde se cantaram poemas de Ary dos Santos, José Luís Peixoto ou Pedro Homem de Mello e se tocaram várias músicas de José Fontes Rocha. No palco, Joana entoava tudo isto com o timbre suave que a caracteriza. Ao seu lado, Pedro Amendoeira (irmão) mantinha-se compenetrado nos acordes da guitarra portuguesa, ao passo que Pedro Pinhal (viola) e Paulo Vaz (viola baixo) nunca perderam a compostura de quem toca o fado numa tasca de Alfama.

É verdade que não era bem assim, não só porque este era um palco especial mas também porque na plateia (esgotada) estavam muitos portugueses a viver em Londres (metade da audiência) e muitos ingleses (a outra metade), sendo certo que muitos destes estavam mais deslumbrados com a melodia do que propriamente com os versos.

Uma originalidade neste espectáculo foi a curta entrevista realizada em palco pela jornalista Fiona Talkington da BBC Rádio 3, que durante cinco minutos questionou Joana Amendoeira. A fadista, com um inglês apurado, disse então que o fado é "a expressão da alma portuguesa" e tentou explicar porque é que a palavra "saudade" era um sentimento tão nacional.

Já depois do calor dos aplausos, Joana Amendoeira não cabia em si de contente quando falou ao DN: "Estar aqui esta noite é a concretização de um sonho, sobretudo pela recepção do público. Estou muito feliz, até porque o Reino Unido é um ponto de referência para a música." Considerada uma das mais promissoras fadistas da nova geração, Joana sabe bem os passos que quer seguir no futuro. "Sou tradicionalista, mas acho que é importante preservar as músicas antigas introduzindo-lhes novos poemas. Sou jovem e gosto de cantar os meus dias, a minha vida, a minha história."

A julgar pela recepção do público, bem se pode dizer que Joana está no caminho certo. No final, ouvia-se "Ah, fadiiista!" e os espectadores despediram-se com uma ovação de pé, a premiar os sons do fado da nova geração trazidos por Joana e os três músicos que a acompanham, que partiram para actuar em Jersey com a certeza de terem deixado a sua marca na capital britânica.

De regresso a Portugal, Joana Amendoeira sobe ao palco para um espectáculo único no cinema São Jorge, em Lisboa, amanhã (22.00).